Vozes da Alma
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Textos
Vozes da Samauma

O caminho da flor da Samauma é estreito,
De um lado a floresta abraça o visitante,
Do outro, a cerca sufoca.
Árvores altivas, gigantes, observam nossos passos,
Registrando cada detalhe em suas raízes sináticas.

Vozes tímidas de pássaros contrastam com o ronco do motor.
A floresta é uma pintura monocromática em nuances de verde;
A policromia é um detalhe raro no caminho.
O cartão de visita é o açaizal existente no lugar.
O anfitrião, com um sorriso, desce primeiro,
Recepciona a comitiva com sua visão ambiental.

A entrada para Samauma é o porto do Mocambo.
A perspectiva é única e aguça o pensamento.
Olhos que procuram detalhes,
Floresta que grita em festa,
Araras comandam a cerimônia
sábias cantam,
A canção do visitante.
A brisa margeia o rio Curiau Mirim
E traz a fragrância da vida.
Quanta beleza, quanta harmonia!

O catamarã se aproxima, uma obra à parte.
O rio fez silêncio em nossa chegada,
Quebrado pelas boas-vindas da guia.
Personagens folclóricos, japim, araras, abelhas no aviário...
A floresta fala.
O cheiro do açaí quebra o momento;
O paladar não resiste, um café diferente,
Biscoito com sabor da biodiversidade.

Na trilha em fila, olhos encantados,
Mentes reflexivas, vozes embaçadas.
A harmonia contagia, a mente vaga,
O coração acelera, a ansiedade espera.
Mas, de repente, uma cena encanta a todos:
No seio da floresta moça, ela, imponente,
Abraçando suas crias, vigiando o Amazonas,
Protegendo o quilombo que a vizinha...
Ela encanta, espanta, sobrevive, centenária,
Samauma, a rainha da floresta,
Forte, imponente e persistente,
Símbolo de justiça, ainda assim ela chora
Quando suas folhas caem!

Mudanças no clima, nas massas e na mata,
Mas não na consciência humana.
Ela olha Macapá e chora,
Vendo a insensatez que se aproxima,
No lixo sem destino, na fumaça que mata,
Nas hélices que cortam as águas,
Que sangram o rio que agora corre para o Amazonas,
Pedindo socorro!

Será que o homem é de outro planeta?
Será  que o homem e de outro universo?
De outra era?
É preciso cuidar dos jardins que restam,
Da vida que persiste em seguir em frente.
É a mensagem da Samauma,
Levada na brisa amazônica,
Nas asas do beija-flor,
Nas marolas do Amazonas,
Na garupa do boto e no cheiro da mata.

Quem receberá a mensagem?
Quem ouvirá a voz da Samauma?
Quem se perceberá parte de tudo?
Alan Carlos Dias
Enviado por Alan Carlos Dias em 04/07/2025
Alterado em 05/07/2025
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